18 julho 2017

Capítulo 9




Stella P.o.v.:


            Tantas coisas acontecem na vida da gente e algumas até nos recusamos a acreditar que realmente aconteceu. Esse é o meu caso, em relação a morte do Luan.
         Meu mundo parecia ter desabado quando recebi a notícia. Eu não conseguia acreditar que o homem com quem decidi compartilhar minha vida, estava morto. Parecia que eu tinha morrido com ele. De certa forma, foi o que aconteceu, porque um pedaço de mim era ele e sem esse pedaço, nunca mais serei a mesma.
          Durante esses 5 meses, era como se eu não estivesse viva. Comia a cada 3 dias, só por necessidade mesmo, não conversava com ninguém, mal tinha forças para levantar da cama. Eu, literalmente, não sabia o que fazer, ou até mesmo pensar de como seria minha vida depois disso.

    Quando finalmente voltei a conviver socialmente, minha família foi muito compreensiva e não voltou a falar do assunto. E eu estou grata, afinal, não havia, e ainda não há, preparação psicológica para lidar com todos os 'pêsames' que me dariam.

    Vocês devem estar curiosas sobre a causa da morte.
Vou lhes tirar essa dúvida e dizer que foi um acidente de carro!

         Em uma noite, Luan saiu com os amigos (Como vinha fazendo frequentemente) e eles foram beber; acabaram bebendo demais e tiveram a grande ideia de voltar dirigindo.  Acho que eles já tinham feito isso outras vezes e por estarem confiantes de que nada aconteceria, fizeram mais uma vez. Só que infelizmente as coisas tomaram um rumo diferente. Nossas vidas mudaram naquele instante e a minha, mais do que a de todos, virou de cabeça para baixo.

    Apenas o Luan morreu; seus amigos sobreviveram e eles sentem muita culpa pela tragedia. Nem cheguei a vê-los depois do enterro de meu ex marido, já que voltei para o Brasil, após isso.
     Minha mãe diz que eles ligam ás vezes, porém eu não estou confortável para falar sobre tudo o que aconteceu. Na verdade,  nem quero vê-los mais. Eles são culpados pela morte de meu marido. Por culpa deles eu sou viúva aos 21 anos de idade e nunca mais serei feliz na vida. Pode parecer drama (e talvez seja) mas é o que sinto nas condições em que vivo.

           Meus sogros, com quem sempre me dei bem, parecem segundos pais para mim, de tanto que estavam preocupados.
Além do sofrimento de perder o filho eles arranjaram tempo de vir aqui, me dar apoio emocional. Já a Lara (vulgo irmã do Luan) nem saia de perto de mim. Dormiu lá na casa dos meus pais, umas 100 vezes, para me fazer companhia durante as madrugadas agonizantes. E ainda há a vovó Maria (avó de Luan, que eu considerava minha avó também) ela foi tão gentil, vindo me visitar algumas vezes, e sempre me dando sábios conselhos sobre como lidar com o luto, já que ela também perdeu seu primeiro marido jovem (não tanto quanto eu, mas ela sabe como doí).

           Durante esse tempo de luto, minha família e a de meu ex marido se uniram rapidamente. Não que antes não houvesse essa aproximação, mas agora é como se fôssemos uma só família. Bem grande, por sinal.
     Meu irmão, Marcos, que mora em São Paulo com a mulher e a filha, veio passar um tempo conosco aqui em Goiânia. Minha tia Nicacia (que também é viuvá, aos 45 anos) veio da Bahia, com a Mayla, para completar a reunião de família. E mesmo eu estando mal, consegui me sentir acolhida por todos, afinal são a minha família ainda. Mesmo morando com o Luan, longe, óbvio que eu me sentia família deles aqui.

          Nesse meio tempo eu larguei o emprego lá de Barcelona, completei 22 anos porém não tive disposição para comemorar, é claro, e me mudei para o Brasil. Não fazia sentido continuar ali, sem o Luan e como eu estou fragilizada, preciso de apoio emocional de minha família. Por isso, resolvi voltar para cá. Mas não é algo definitivo, eu só quero um tempo de descanso antes de recomeçar minha vida sozinha.



          Hoje, em especial, nossas famílias (do Luan e minha) resolveram ir em um clube aqui de Goiânia. Como todos estão numa especie de "férias", de seus respectivos empregos, o que mais os sobram é tempo. E como estamos voltando ao nosso cotidiano, sem aquele pesar da perda de meu marido, escolheram um momento de lazer, para passar o tempo. Eu aceitei a proposta, já que precisava de um pouco de distração.
     Para minha surpresa, minha prima Mayla esbarrou em Neymar e seu irmão ou é amigo, não sei direito, e nós nos cumprimentamos. Fiquei admirada por ele lembrar de mim, afinal ele é tão famoso e conhece tantas pessoas, que mal deve se recordar dos nomes. Porquê se recordaria logo de mim? Não é no minimo estranho? Foi o que achei.

          -De onde você conhece o Neymar? -Perguntou assim que saímos de perto deles.
          -Lembra que o Luan era fanático pelo Barcelona? Acabamos nos esbarrando uma vez com os jogadores.
          -E aquela história de bar?
          -Saí com a Luana uma vez e o encontramos por lá.
          -Que chique, que vocês são. Andando com Neymar Júnior...
          -A gente não andava com ele. Foram só acasos. -Mayla não parou de falar um minuto se quer sobre o esbarrão no jogador. Nossa família, só acreditou porque confirmei e ela lhes mostrou a foto que tirou com o próprio. Mas nossa "social" se transformou em quase um fã-clube do garoto.

     Fomos embora por volta das 5 da tarde e a Mayla não me deixou quieta, pedindo para leva-la para jantar fora. Sua mãe disse que a levaria, mas fez questão de que eu as acompanhasse. No fundo, eu sabia que elas só queriam me tirar daquele meu quarto deprimente e esse foi o motivo de ter aceitado. Precisava mesmo, passar um pouco mais de tempo fora daquelas paredes sufocantes.
    Foi aí que notamos a presença do jogador e seus respectivos amigos, em uma mesa ao fundo. Minha prima queria os cumprimentar mas é claro que não a deixei incomoda-los, mas foi só eu dar as costas e ir ao banheiro que a danada o trouxe para nossa mesa.

         -Você não obedece mesmo, né Mayla? -Cheguei ali cortando o papo em que estavam. -Desculpa Neymar, se ela te incomodou mas é que essa danada é assim mesmo: inconveniente.
         -Não é incomodo algum... -Ele sorriu tenso e coçou a nuca. Já eu não sabia onde enfiar minha cara, de tanta vergonha que estava por minha prima o abordar 2 vezes em um só dia e ainda mais em um momento de descanso dele.
          -Não me chama de inconveniente! Não na frente dele.
         -Stella tem razão, Mayla. Você fica incomodando o rapaz em seus momentos de lazer. Isso não é legal. -Se pronunciou a tia Marina e minha prima se emburrou.
         -Não é incomodo, acreditem.
         -Bom, quer sentar conosco?
         -Obrigado, dona Marina. Mas eu já estava de saída.
         -Fica para outra ocasião então. -Falei educadamente e ele sorriu esperançoso.
         -Espero que sim. -Se despediu de cada uma, com um beijo no rosto e nos deixou sozinhas. Agora sim, era hora de matar minha priminha inconveniente.



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Quanto tempo em gente..
Desculpa a demora. Mas eu gosto dessa fanfic e não vou abandona-la. Prometo!